Um dos alvos da operação realizada nesta semana pela Polícia Federal (PF) que investiga a invasão a sistemas da Justiça, Jean Guimarães Vilela afirma ter enviado de sua conta pessoal R$ 3 mil dos R$ 13 mil repassados pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) a Walter Delgatti, conhecido como o hacker da “Vaza Jato”.
Jean Vilela atualmente é secretário parlamentar de Zambelli. O assessor negou que o repasse ao hacker tenha sido realizado com dinheiro da Câmara dos Deputados.
Fontes revelaram à reportagem que a PF investiga essa possibilidade, já que no sistema da Câmara há contratos assinados entre outubro de 2022 e abril de 2023 que mostram que a deputada pagou, com verba de gabinete, R$ 94 mil para uma empresa em nome de Jean e Monica Romina Santos de Sousa, sua esposa.
Segundo os documentos, a empresa prestava serviço de divulgação parlamentar para Zambelli. Em maio deste ano, Jean Vilela passou a ser assessor contratado diretamente pelo gabinete da parlamentar e não mais em nome de sua empresa.
Repasse de R$ 3 mil
O atual assessor de Zambelli afirma ter enviado R$ 3 mil a Walter Delgatti por meio de transferência de uma conta bancária em seu nome, e não da conta de sua empresa.
“Foi dinheiro pessoal, direto da minha conta pessoa física. A empresa jurídica do Walter Delgatti, foi contratada por mim para realizar a execução de melhorias no site da deputada”, completou Jean Vilela.
Questionado sobre a razão de ter usado sua conta bancária pessoal e não da empresa que comanda e prestava serviços para Carla Zambelli, Jean argumentou que, no momento da transferência, a companhia estava sem dinheiro.
“A empresa é minha e da minha esposa. Como não tínhamos fluxo de caixa na empresa, usei da minha conta pessoal para o pagamento a ele”, argumentou.
No entanto, ainda durante a entrevista, o assessor parlamentar afirmou que o dinheiro retirado de sua conta pessoal para o pagamento ao hacker foi ressarcido com um montante que recebeu do gabinete de Zambelli.
“Ela, Zambelli pagava para que minha empresa executasse serviços de produção, criação, edição e finalização de conteúdo para redes sociais, e, além disso, manutenção do site. A contratação do Walter foi para o site que tinha um alcance muito alto, para melhorar o desempenho”, disse.
Jean Guimarães Vilela destacou ainda que o trabalho que o hacker deveria realizar no site da parlamentar não aconteceu. Por isso, ele teria realizado apenas um pagamento de R$ 3 mil, e uma segunda parcela do mesmo valor ter sido cancelada.
“Sou trabalhador, tudo o que faço é com transparência. Todos os valores foram devidamente lícitos e os meus serviços prestados”, pontuou.
A casa do assessor parlamentar em Brasília foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão da Polícia Federal na última quarta-feira (2). No mesmo dia, Jean Vilela prestou depoimento por cerca de 40 minutos.
“O que o senhor Delgatti fez não cabe a mim dizer, eu não o conhecia, não sei do relacionamento dele com a Carla, só sei e tenho provas cabais do que ele tratou comigo. A deputada nunca me pagou para pagar hacker, isso é narrativa”, colocou.
Também em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti entregou extratos que mostram que ele recebeu de Carla Zambelli R$ 13.500 nos meses anteriores e posteriores à invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Foi durante o depoimento que hacker também disse à PF que um desses pagamentos foi feito por Jean Vilela.
FONTE: CNN BRASIL