Por: Redação
Foto: Reprodução/Rebecca Droke/AFP via Getty Images Embed
Uma gravação obtida pela Polícia Federal revelou conversas comprometedoras entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel e autoridades de segurança. No áudio, Bolsonaro sugere que Witzel teria prometido ajuda para proteger seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, em troca de uma indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No diálogo datado do ano passado, Bolsonaro relata o encontro com Witzel, onde teria sido discutida a resolução do caso envolvendo Flávio Bolsonaro: “Ele falou, resolve o caso do Flávio. ‘Me dá uma vaga no Supremo. […] Sede de poder’”, afirmou o ex-presidente. A revelação levanta sérias questões sobre a utilização de cargos de alto escalão para manipular investigações judiciais.
A gravação também envolve nomes importantes como o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e Alexandre Ramagem, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ambos participaram da conversa com advogadas de Flávio Bolsonaro, sugerindo um possível uso indevido de recursos governamentais para influenciar o curso das investigações.
Em outro momento da gravação, Bolsonaro menciona a importância de ter aliados estratégicos em instâncias judiciais: “Então, você sabe o que que vale você ter um ministro irmão teu no Supremo”. Essa declaração reforça a percepção de que a nomeação para o STF poderia ser utilizada como um mecanismo de proteção política.
Além das negociações explícitas, o áudio revela estratégias discutidas para neutralizar investigações contra Flávio Bolsonaro. Alexandre Ramagem propõe abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais envolvidos nas investigações das rachadinhas, visando anular as provas. Essa tática foi supostamente implementada com sucesso, resultando no arquivamento do processo contra o parlamentar em 2022.
A revelação da gravação pela Polícia Federal ocorre no contexto do inquérito que investiga a “Abin Paralela”, supostamente uma estrutura clandestina de espionagem durante o governo Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, derrubou o sigilo do material, intensificando o debate sobre ética, legalidade e transparência nas altas esferas do poder.
O impacto político dessas revelações é potencialmente significativo, colocando em xeque a integridade das instituições e o uso apropriado das prerrogativas governamentais. O caso promete continuar gerando repercussões nos círculos políticos e judiciais do país, enquanto as investigações avançam para esclarecer as circunstâncias e responsabilidades envolvidas.