Por: Redação
Foto: Reprodução/Instagram
A poucos mais de um mês para o primeiro turno das eleições municipais, a cidade de São Paulo observa, com atenção e surpresa, a rápida ascensão de Pablo Marçal na disputa pela prefeitura. O empresário e coach, que se lançou na política pelo pequeno PRTB, saiu de uma posição de quase anonimato para liderar uma das principais pesquisas de intenção de voto, transformando-se em um dos favoritos para vencer a eleição.
Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Veritá, Marçal alcançou 31% das intenções de voto na capital paulista, superando nomes como Guilherme Boulos (PSOL), com 21,6%, e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 14,2%. Esses números foram coletados em uma pesquisa realizada entre 22 e 26 de agosto, com três mil entrevistados, e indicam uma mudança significativa no cenário eleitoral da maior cidade da América Latina.
Marçal, que tem financiado sua própria campanha e conta com uma base forte de seguidores nas redes sociais, adotou uma postura de outsider, criticando duramente o sistema político tradicional e posicionando-se como antipolítico. Sua linguagem direta, muitas vezes agressiva, ressoou entre eleitores conservadores, especialmente os órfãos do bolsonarismo e membros da comunidade evangélica, que representam um eleitorado crucial na disputa pela prefeitura.
O discurso de Marçal é marcado por uma forte retórica contra a esquerda, ao mesmo tempo em que promove a teologia da prosperidade, que prega que o sucesso financeiro é uma recompensa divina. Essa abordagem, aliada a sua habilidade de comunicação digital, ajudou-o a conquistar rapidamente um espaço significativo no eleitorado, desestabilizando a campanha de Ricardo Nunes, que também busca votos nesse segmento.
O cientista político Leonardo Barreto observa que, embora Marçal não seja um sucessor direto de Jair Bolsonaro, ele apresenta semelhanças que podem explicar seu rápido crescimento nas pesquisas. “Marçal pode ser visto como uma versão 2.0 de Bolsonaro, mas com uma conexão mais autêntica com o universo evangélico neopentecostal”, analisa Barreto. “Além disso, ele evita temas polêmicos como o aborto e foca em uma mensagem que ressoa profundamente com sua base, sem depender de líderes religiosos como Bolsonaro fez.”
Marçal tem enfrentado uma série de desafios, incluindo conflitos com a Justiça Eleitoral. Suas redes sociais foram bloqueadas por determinação judicial, sob a acusação de burlar regras sobre impulsionamento de postagens, o que ele prontamente utilizou para alimentar sua narrativa de perseguição política. Em entrevistas recentes, ele tem desafiado abertamente a mídia e seus adversários, mantendo uma postura combativa que atrai atenção e gera engajamento.
A estratégia de Marçal, no entanto, tem deixado seus concorrentes em alerta. Guilherme Boulos, por exemplo, adotou uma postura cautelosa, evitando confrontos diretos para não amplificar ainda mais a visibilidade do rival. Por outro lado, Tabata Amaral (PSB), que aparece em quinto lugar na pesquisa com 5,8% das intenções de voto, decidiu mudar de tática, desafiando publicamente Marçal a participar do próximo debate entre os candidatos, numa tentativa de reverter sua posição.
A ascensão meteórica de Marçal também causou desconforto entre os apoiadores de Jair Bolsonaro, que veem nele uma ameaça à liderança do ex-presidente no campo da direita. Embora Marçal insista que não é um novo Bolsonaro, ele não esconde sua antipatia por Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, a quem critica frequentemente.
Neste cenário, a campanha de Ricardo Nunes enfrenta uma crise. O prefeito, que busca a reeleição, ainda não definiu uma estratégia eficaz para conter a perda de eleitores para Marçal, o que pode ser crucial para sua permanência no cargo. Enquanto isso, a disputa promete se intensificar nas próximas semanas, com Marçal mantendo o foco em sua mensagem de renovação política e continuando a desafiar o status quo, tanto nas urnas quanto nas redes sociais.
A campanha eleitoral em São Paulo, que já prometia ser acirrada, agora ganhou um novo elemento de imprevisibilidade, com Marçal consolidando-se como um dos principais candidatos a chegar ao segundo turno, num embate que poderá redefinir o futuro político da cidade.