Por: Redação
Foto: Arquivo pessoal
Em um julgamento que se estendeu por 15 horas, três policiais militares foram condenados a 14 anos e 3 meses de prisão pelo assassinato do cantor sertanejo José Bonifácio Sobrinho Júnior, conhecido como Boni Júnior. O crime aconteceu em 28 de outubro de 2012, na zona rural de Goiatuba, Goiás, após uma perseguição que terminou com a morte do artista, atingido por um tiro na cabeça.
Silmar Silva Gonçalves, André Luís Rocha e Aluísio Felipe dos Santos foram considerados culpados por homicídio qualificado, com uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A sentença foi determinada em júri popular nesta quarta-feira (28), que rejeitou as teses de defesa de homicídio culposo, defendidas pelos advogados dos réus, mas reconheceu a qualificadora apresentada pela promotoria.
Na madrugada do crime, Boni Júnior, que retornava de uma confraternização com amigos na cidade de Panamá, teria chamado a atenção dos policiais ao dirigir em alta velocidade. A denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO) revela que o cantor colidiu com uma viatura da Polícia Militar, ferindo um dos policiais, antes de ser executado. Após o disparo fatal, os policiais teriam forjado uma cena de confronto, plantando uma arma dentro do carro da vítima para justificar a ação.
Os advogados dos policiais não responderam aos contatos feitos pela reportagem para comentarem a decisão. A Polícia Militar, por sua vez, também não emitiu uma nota oficial até o fechamento desta edição.
Boni Júnior, que na época do crime tinha 36 anos, era conhecido no cenário musical sertanejo e não possuía antecedentes criminais. A versão apresentada pelos policiais, que alegavam legítima defesa, foi questionada pela família do cantor desde o início das investigações. Terezinha Luiz Vinhal, mãe de Boni, afirmou em várias ocasiões que o filho nunca portou uma arma. “Ele não era bandido. Era cantor, músico e intérprete. A única arma dele era o violão”, declarou.
Apesar da condenação, a decisão judicial ainda cabe recurso, e os policiais poderão recorrer em liberdade. Silmar Silva Gonçalves e André Luís Rocha, atualmente na reserva, mantêm suas aposentadorias, enquanto Aluísio Felipe dos Santos perdeu o cargo por estar em serviço no momento do crime. No entanto, a sentença não determinou a perda dos direitos previdenciários dos outros dois réus, uma vez que não há previsão legal para essa medida.
O caso, que já se arrasta por mais de uma década, ainda levanta questões sobre a conduta e a responsabilidade dos agentes de segurança pública em situações de confronto. A tentativa dos policiais de modificar a cena do crime gerou uma denúncia por fraude processual, mas o processo foi arquivado em 2023 devido à prescrição do crime.