Por: Redação
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
O Brasil enfrentou um cenário devastador em agosto de 2024, com incêndios florestais atingindo 5,65 milhões de hectares em diversas regiões do país. Segundo o Monitor do Fogo, da plataforma MapBiomas, este número representa quase metade de toda a área queimada desde o início do ano. Em comparação a agosto de 2023, o aumento foi de 149%, um salto preocupante que intensifica a crise climática e ambiental.
No acumulado do ano, até agosto, as áreas devastadas pelo fogo somam 11,39 milhões de hectares, mais que o dobro do total registrado no mesmo período do ano anterior. Desse montante, cerca de 70% corresponde a vegetação nativa, especialmente formações campestres. As pastagens agropecuárias também sofreram grandes perdas, com 2,4 milhões de hectares atingidos.
“A combinação de atividades humanas, como o desmatamento e a expansão agrícola, com condições climáticas desfavoráveis, como a seca prolongada, está agravando a frequência e a intensidade dos incêndios”, explica Ane Alencar, diretora de Ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora do MapBiomas Fogo.
Cerrado: O bioma mais atingido
Entre os biomas brasileiros, o Cerrado foi o mais impactado pelos incêndios em agosto, com 2,4 milhões de hectares queimados, o que representa 43% de toda a área afetada no país. Este aumento expressivo preocupa especialistas, que alertam para a vulnerabilidade da região durante a temporada de seca.
“Agosto trouxe uma realidade alarmante para o Cerrado, com a maior extensão de queimadas dos últimos seis anos. Esse aumento não só destrói a biodiversidade, como também compromete a qualidade do ar nas cidades da região”, ressalta Eduardo Rosa, pesquisador do MapBiomas.
Amazônia e Pantanal também sofrem
A Amazônia, outro bioma gravemente atingido, registrou 2 milhões de hectares queimados em agosto. Os estados de Mato Grosso e Pará foram os que mais perderam áreas para o fogo. Os municípios de São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS), que abrigam os maiores rebanhos bovinos do Brasil, lideram as estatísticas de queimadas.
No Pantanal, o cenário é ainda mais dramático. Entre janeiro e agosto de 2024, as áreas queimadas aumentaram 249% em comparação à média dos cinco anos anteriores. Ao todo, 1,22 milhão de hectares foram destruídos, sendo que mais da metade dessa área foi consumida pelas chamas apenas no mês de agosto, o pior já registrado para o bioma.
“A situação no Pantanal é crítica, especialmente porque setembro, historicamente, é o mês com maior incidência de incêndios na região. Com a seca extrema, o risco de novas queimadas permanece elevado”, alerta Rosa.
Impactos a longo prazo
Os incêndios, além de destruírem grandes extensões de vegetação nativa e áreas agropecuárias, também trazem consequências severas para a fauna e flora, contribuindo para a perda de biodiversidade. Ademais, a fumaça gerada por esses eventos piora a qualidade do ar, impactando diretamente a saúde das populações locais.
Diante desse cenário, especialistas reforçam a necessidade de medidas urgentes para prevenir e combater os incêndios, como o fortalecimento da fiscalização ambiental e a criação de políticas públicas voltadas à preservação dos biomas mais vulneráveis.