Lula propõe regulação dos jogos de azar para conter endividamento da população mais pobre

Presidente alerta sobre impactos das apostas online e debate proibição do uso de celulares em escolas como parte de ações contra vícios tecnológicos

Por: Redação

Foto: Brendan McDermid/Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (24) a regulação dos jogos de azar no Brasil, destacando o impacto negativo das apostas online, especialmente entre as classes mais pobres. Durante um encontro em Nova York, Lula afirmou que a facilidade de acesso aos jogos está levando muitas famílias ao endividamento e alertou que, sem regulamentação, “teremos cassinos funcionando dentro da cozinha de cada casa”.

“O que estamos vendo no Brasil é um aumento preocupante no número de pessoas tentando ganhar dinheiro através de apostas, o que tem levado ao endividamento, principalmente entre os mais pobres. Isso é um problema que precisamos enfrentar, caso contrário, os jogos vão invadir os lares de forma irreversível”, disse o presidente em um evento voltado à defesa da democracia e ao combate ao extremismo.

Lula ressaltou que o Brasil, historicamente, sempre foi contra o funcionamento de cassinos e jogos de azar. No entanto, com o avanço da tecnologia, a realidade mudou. “Hoje, através de um celular, o jogo está na sala de estar de qualquer família. Precisamos de uma regulação que acompanhe essa nova realidade para evitar que mais pessoas sejam prejudicadas”, completou.

Proibição de celulares em escolas também está em pauta

Além de discutir a regulação dos jogos de azar, Lula mencionou que o governo está elaborando um projeto de lei que proíbe o uso de celulares em salas de aula, tanto em escolas públicas quanto privadas. A medida, segundo o presidente, visa combater a distração dos alunos e o acesso desenfreado a jogos e conteúdos inadequados durante o período escolar.

“Estamos discutindo uma proposta para proibir o uso de celulares em salas de aula. Sabemos que será um debate difícil, mas é necessário. Pode até ser que eu seja o primeiro presidente a enfrentar protestos de crianças de seis anos, mas estamos dispostos a conversar com especialistas e com a sociedade sobre isso”, brincou Lula.

Alfinetadas a Elon Musk e defesa da regulação global

Lula também aproveitou a oportunidade para criticar o empresário Elon Musk, destacando a necessidade de uma regulação global das grandes plataformas tecnológicas. “Precisamos de uma regulação universal. Não podemos permitir que um único indivíduo, por mais rico que seja, desafie as leis e as Constituições dos países apenas porque não concorda com elas”, afirmou o presidente.

O evento, organizado por Lula em parceria com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, atraiu diversos líderes de esquerda, mas nenhum chefe de Estado conservador participou dos debates. Lula afirmou que, devido às divergências entre os presentes, não seria possível produzir um documento formal do encontro. No entanto, ele e Sánchez planejam divulgar uma nota conjunta para resumir as discussões.

Lula encerrou sua participação reafirmando a importância de fortalecer a democracia e enfrentar os desafios impostos pela tecnologia e pelos extremismos. “Estamos aqui para defender a democracia e enfrentar os desafios da era digital. Isso passa, sim, por regular os jogos de azar e o uso de tecnologia nas escolas, para proteger nossas crianças e nossas famílias”, concluiu.

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