As enchentes que atingiram a região de Valência, na Espanha, já somam 217 vítimas fatais, sendo a pior catástrofe natural na história do país. As tempestades despejaram em poucas horas uma quantidade de chuva equivalente ao volume anual, causando destruição em massa e dificultando o trabalho dos serviços de emergência.
Reis e autoridades enfrentam hostilidade
Durante visita às áreas mais devastadas, o rei Felipe VI e a rainha Letizia, acompanhados pelo presidente do governo Pedro Sánchez, enfrentaram protestos. Em Paiporta, moradores furiosos lançaram lama em direção às autoridades e os acusaram de negligência. “Vão embora, não dormimos há seis dias!”, gritou uma mulher, enquanto outros chamavam os governantes de “assassinos” e lançavam objetos. Devido à tensão, Sánchez e o presidente regional valenciano Carlos Mazón deixaram o local sob escolta. Felipe VI ainda tentou dialogar, mas acabou se retirando ao lado da rainha. Após o incidente, a televisão estatal anunciou a suspensão da visita dos reis.
Número de mortos continua a subir
As autoridades confirmaram novas mortes, incluindo três corpos encontrados em Pedralba, Valência, e uma idosa na região de Castela-Mancha, cujo corpo foi levado pelas águas por 12 km. Além dessas vítimas, a maioria das mortes ocorreu em Valência, onde estrangeiros, incluindo dois cidadãos chineses, também figuram entre os falecidos.
Mais chuvas e risco de novos desastres
A previsão de tempo para a costa valenciana é preocupante, com a Agência Meteorológica do Estado (Aemet) mantendo alerta laranja para chuvas intensas. A região de Andaluzia, ao sul, está em alerta vermelho, o nível máximo, especialmente na província de Almería. As autoridades mobilizaram 7.500 soldados e cerca de 10.000 policiais para atuar no resgate, configurando o maior destacamento de forças em tempos de paz na Espanha.
Solidariedade e caos
As enchentes provocaram destruição de pontes, varreram casas e bloquearam estradas com veículos arrastados pela correnteza. Em Sedaví, bombeiros atuam para drenar estacionamentos subterrâneos onde ainda pode haver vítimas. A solidariedade se espalhou pela região, com milhares de voluntários ajudando nos esforços de limpeza. No entanto, diante do risco de novas chuvas, as autoridades restringiram o acesso a áreas críticas.
Mobilização internacional
O papa Francisco se manifestou, pedindo orações pela Espanha e pela população valenciana, enquanto o governo enfrenta a pressão de organizar o socorro às vítimas e impedir que a tragédia se agrave. A magnitude das enchentes e a forte reação da população refletem a dimensão da crise humanitária que a Espanha enfrenta, com feridas abertas que irão perdurar mesmo após as águas recuarem.
Por: Redação
Foto: Divulgação/AFP