A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a convocação do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) para prestar depoimento sobre suas declarações consideradas discriminatórias contra africanos.
Um grupo de deputadas federais, composto por Duda Salabert, Carol Dartora, Tabata Amaral, Dandara, Reginete Bispo e Camila Jara, acionou o STF, requerendo uma investigação por racismo devido às afirmações feitas por Gayer durante a gravação de um podcast em 23 de junho.
No referido podcast, o parlamentar afirmou:
“Não vejo como a democracia pode funcionar no Brasil. Concedemos títulos de eleitor a um grande número de pessoas desinformadas” e argumentou que, na África, “a maioria dos países é governada por ditaduras“.
Ele também sustentou que “a democracia não floresce na África porque é necessário ter um nível mínimo de capacidade cognitiva para distinguir entre o certo e o errado, o bom e o ruim“. Gayer ainda comparou a situação brasileira à africana.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, ressaltou a importância do depoimento do deputado Gayer para avaliar a necessidade de abrir um inquérito contra ele. Ela também requereu que as plataformas onde o podcast foi veiculado sejam notificadas para preservar a entrevista.
Em julho, a Advocacia Geral da União (AGU) também apresentou uma notícia-crime contra o deputado Gayer e o apresentador do 3 Irmãos Podcast. A AGU solicitou à PGR que avalie se as declarações de Gayer se enquadram no crime previsto na Lei do Crime Racial, que proíbe a prática, indução ou incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O desfecho desse caso agora depende do STF e das investigações subsequentes.
Texto, Tatiane Aparecida
Foto divulgação/Portal do jornalismo