Falta de medicamentos, salários atrasados e estrutura precária provocam crise sem precedentes; prisão de gestores e greve de médicos aumentam pressão sobre o sistema.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ingressou com um pedido de intervenção estadual na gestão da Saúde de Goiânia, apontando um grave colapso administrativo que ameaça o atendimento básico à população. O requerimento foi protocolado no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) e detalha a falta de insumos, medicamentos, atrasos no pagamento de salários e o descumprimento de decisões judiciais, configurando um cenário de precariedade crítica nos serviços de saúde.
De acordo com o procurador-geral de Justiça, Cyro Terra Peres, a intervenção é essencial diante do esgotamento de medidas administrativas que não surtiram efeito. “Estamos diante de uma situação que coloca vidas em risco, e a omissão não pode ser tolerada. A intervenção é necessária para proteger direitos fundamentais”, afirmou.
A crise ganhou proporções ainda mais graves após a prisão do secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, e de dois gestores, acusados de irregularidades em contratos administrativos. A investigação do MP revelou desvios financeiros que somam mais de R$ 120 milhões e impactaram diretamente os repasses destinados a hospitais e maternidades administrados por organizações terceirizadas.
Com as prisões e a renúncia de cargos estratégicos, como o da substituta Cynara Mathias, a gestão da Secretaria de Saúde ficou acéfala, aprofundando o caos. A falta de comando resultou em paralisações de serviços essenciais, agravando as dificuldades enfrentadas por pacientes e profissionais de saúde.
O Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego) anunciou uma paralisação de 72 horas, prevista para começar no dia 9. Os médicos exigem a regularização de salários atrasados, o abastecimento de insumos básicos e condições mínimas de trabalho nas unidades de saúde.
Em resposta, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) montou gabinetes de crise para monitorar as unidades de urgência e emergência. Esses gabinetes buscam redistribuir recursos e minimizar os impactos imediatos da crise. A SES ressaltou que a gestão do prefeito eleito, Sandro Mabel, prevista para iniciar em janeiro de 2025, terá o desafio de decidir pela continuidade dessas medidas emergenciais.
Os números apresentados pelo secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, ilustram a dimensão da crise: o número de leitos de UTI em Goiânia caiu de 186 para 118 nos últimos dois anos, enquanto a rede estadual expandiu sua capacidade em 171% desde 2018.
Para Santos, a situação é reflexo de uma administração marcada por falta de planejamento e credibilidade. “Os atrasos nos repasses geram um efeito cascata, inflacionando o mercado da saúde e dificultando a ampliação de leitos. A precariedade na atenção primária faz com que casos simples evoluam para quadros críticos, aumentando a pressão sobre os serviços de alta complexidade”, explicou.
O pedido de intervenção estadual será analisado pelo TJGO nas próximas semanas, enquanto o gabinete de crise da SES-GO tenta manter o funcionamento mínimo das unidades. Especialistas apontam que medidas estruturais de longo prazo serão necessárias para recuperar a credibilidade e a eficiência da gestão da Saúde em Goiânia.
A crise, marcada por denúncias de corrupção e má administração, evidencia um momento crítico para a saúde pública da capital, com impactos diretos na vida da população.
Nota – Intervenção na Saúde
O prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), considera que a intervenção solicitada pelo Ministério Público Estadual na Secretaria Municipal de Saúde é essencial para impedir que a crise atual se agrave ainda mais.
Sandro Mabel afirma que a medida possibilitará a criação de um gabinete de crise, liderado pela Secretaria de Saúde do Estado, em colaboração com as superintendências municipais. O objetivo é que, em conjunto, sejam tomadas decisões assertivas sobre prioridades e pagamentos.
O prefeito eleito reforça que sua principal preocupação é com as pessoas. Ele acredita que todas as ações voltadas para atenuar a crise da saúde em Goiânia são não apenas bem-vindas, mas indispensáveis. Nesse sentido, tem trabalhado para assegurar tanto o pleno funcionamento quanto o abastecimento das unidades de saúde da capital.
Por: Redação
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