Decisão provoca críticas de especialistas e pacientes com diabetes
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) decidiu não recomendar que o Sistema Único de Saúde (SUS) adote o sistema flash de monitoramento de glicose para pacientes com diabetes mellitus tipos 1 e 2. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (6) durante a 136ª reunião extraordinária da comissão.
O dispositivo, fixado na pele, mede continuamente a concentração de glicose no sangue, eliminando a necessidade de múltiplas picadas diárias nos dedos. Ele permite um acompanhamento mais preciso dos níveis de glicose, ajudando a prevenir complicações agudas, como hipoglicemias, e crônicas, como problemas cardiovasculares e renais.
Especialistas destacam que o aparelho proporciona maior qualidade de vida aos pacientes e melhora a adesão ao tratamento, especialmente em crianças e idosos, que têm maior dificuldade com métodos tradicionais.
Apesar dos benefícios reconhecidos pela comunidade médica, a Conitec optou pela “não incorporação” da tecnologia no SUS. A justificativa oficial para a decisão será detalhada em um documento técnico que será divulgado nos próximos dias.
A endocrinologista Ana Paula Silva criticou a decisão, destacando os benefícios clínicos e econômicos do monitoramento contínuo. “Negar o acesso a essa tecnologia no SUS é ignorar a evidência científica e os avanços que podem reduzir as complicações do diabetes. O custo inicial pode parecer alto, mas a longo prazo, previne internações e complicações graves, reduzindo gastos públicos,” afirmou.
Pacientes com diabetes, especialmente os que dependem do SUS, serão diretamente impactados pela decisão. Para muitos, a monitorização contínua representa uma ferramenta essencial no controle da doença, evitando oscilações graves nos níveis de glicose que podem resultar em emergências médicas.
“É frustrante saber que uma tecnologia capaz de melhorar nossa vida não será disponibilizada. Parece que não estamos sendo ouvidos”, desabafou Maria Helena, portadora de diabetes tipo 1 e integrante de um grupo de apoio a pacientes.
A decisão da Conitec pode ser revisada futuramente, dependendo de novos estudos ou manifestações da sociedade civil. A publicação do relatório técnico será acompanhada de uma consulta pública, na qual especialistas e pacientes poderão apresentar seus argumentos.
O caso reacende o debate sobre o acesso a tecnologias inovadoras no SUS e a necessidade de políticas públicas que equilibrem custo e impacto social, especialmente para condições crônicas como o diabetes.
Por: Redação
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