Desafios fiscais e receio de investidores geram instabilidade cambial e pressão sobre o governo em momento crítico
A economia brasileira encerra 2024 em um cenário de incertezas, marcado pela disparada do dólar, que alcançou R$ 6,20 nesta terça-feira (17/12), e pelo aumento da taxa Selic para 12,25% ao ano. Esses fatores intensificam os desafios para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta equilibrar desconfianças do mercado com a necessidade de ajustes fiscais.
Pacote de contenção de gastos enfrenta obstáculos
Em novembro, o governo apresentou um pacote fiscal que visa economizar R$ 327 bilhões até 2030, mas sua aprovação enfrenta resistências no Congresso. A Câmara iniciou as votações nesta semana, porém há risco de alterações que enfraqueçam as medidas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a importância da aprovação integral, afirmando que a meta é preservar a credibilidade fiscal e garantir a sustentabilidade das contas públicas.
Câmbio volátil e desconfiança externa
A valorização do dólar reflete não apenas o cenário doméstico, mas também o fortalecimento da economia americana e a busca por ativos seguros no exterior. “Enquanto não houver um compromisso firme com reformas estruturais, a instabilidade no câmbio deve continuar”, aponta Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
Essa instabilidade também impacta o Ibovespa, que recuou para 124 mil pontos, e eleva os custos de importação, pressionando ainda mais a inflação.
Selic em trajetória de alta
O Banco Central, por sua vez, justificou a elevação da taxa de juros como medida necessária para conter o avanço da inflação. A expectativa do mercado é de que a Selic atinja 14,25% em 2025, caso as expectativas inflacionárias sigam descontroladas.
“O descompasso entre as políticas fiscal e monetária intensifica os riscos econômicos. É essencial que o governo se alinhe ao esforço de controle inflacionário”, destacou a ata do Copom divulgada nesta terça-feira.
Cenário de pressão e medidas urgentes
Com a proximidade do recesso parlamentar, o governo corre contra o tempo para aprovar medidas que possam atenuar os danos econômicos. Resta saber se a gestão conseguirá recuperar a confiança dos investidores e estabilizar os indicadores econômicos, em meio a um cenário interno e externo cada vez mais desafiador.
Por: Tatiane Braz
Foto: Ricardo Stuckert