Acordo negociado por Estados Unidos e Catar prevê três fases, incluindo liberação de reféns, ajuda humanitária e reconstrução da região.
O governo de Israel e seu gabinete de segurança aprovaram na noite desta sexta-feira (17/01) um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, encerrando semanas de intensos combates na região. O anúncio ocorre após negociações mediadas pelos Estados Unidos e pelo Catar, apesar das objeções de ministros de extrema-direita no governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O cessar-fogo inclui a libertação de 33 reféns israelenses, entre mulheres, crianças e idosos, em troca da soltura de prisioneiros palestinos detidos em Israel. A primeira fase do acordo começa no domingo (19), com a expectativa de que as famílias dos reféns recuperem seus entes queridos.
Além disso, forças israelenses recuarão para o leste, permitindo que palestinos deslocados comecem a retornar às suas casas. Também está prevista a entrada de centenas de caminhões de ajuda humanitária na região diariamente, aliviando a grave crise enfrentada pela população de Gaza, onde 91% dos habitantes enfrentam insegurança alimentar aguda, segundo dados da ONU.
Fases do acordo
O plano é dividido em três etapas principais. Na primeira, prevista para durar seis semanas, além da libertação de reféns, a distribuição de ajuda humanitária será intensificada, com esforços para estabilizar a situação nas áreas mais afetadas pelos combates.
Na segunda fase, novas negociações buscarão a libertação dos reféns restantes e o recuo total das tropas israelenses. Esse período também será usado para estabelecer uma “calma sustentável” na região, com medidas que evitem a retomada do conflito.
Por fim, a terceira fase prevê a devolução dos restos mortais de reféns que não sobreviveram ao cativeiro e o início da reconstrução de Gaza. O processo inclui a restauração de infraestrutura essencial e o suporte às famílias afetadas, mas especialistas alertam que a recuperação total pode levar anos devido à extensão dos danos.
Reações e desafios
Apesar do acordo, os conflitos continuam. Desde o anúncio, mais de 100 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses, incluindo 27 crianças e 31 mulheres, de acordo com a defesa civil de Gaza. Bombardeios recentes atingiram áreas residenciais, ampliando a destruição na região.
A Unicef informou que milhares de carregamentos de ajuda continuam retidos em armazéns na Jordânia, aguardando condições seguras para entrar em Gaza. Segundo a organização, o desafio não está apenas na liberação da ajuda, mas também na distribuição, devido aos danos na infraestrutura local.
No cenário político, o acordo gerou tensões dentro do governo israelense, com críticas de figuras como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich. Ainda assim, Netanyahu defendeu a decisão como “necessária para garantir a segurança e o futuro de Israel”.
Agora, a expectativa recai sobre a implementação do cessar-fogo e os próximos passos nas negociações, que podem determinar o futuro da relação entre israelenses e palestinos em uma das regiões mais instáveis do mundo.
Por: Tatiane Braz
Foto :Getty Images/BBC NEWS BRASIL