PGR apresenta denúncia contra ex-presidente por tentativa de golpe
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar um grupo que, desde 2021, teria planejado um golpe de Estado para mantê-lo no poder, independentemente do resultado das eleições de 2022. Segundo a acusação, Bolsonaro e aliados buscaram minar a credibilidade do sistema eleitoral e incitar uma intervenção militar no país.
A denúncia, com 272 páginas, foi apresentada na noite desta terça-feira (18) e lista provas, depoimentos e evidências sobre o caso. Entre os investigados estão ex-ministros, militares de alta patente e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. A PGR sustenta que o ex-presidente não apenas tinha conhecimento das movimentações golpistas, mas participou ativamente delas. Entre as acusações, há referências a um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
De acordo com a PGR, a trama para romper a ordem democrática se intensificou a partir de março de 2021, quando o STF anulou as condenações de Lula, permitindo sua candidatura. Desde então, Bolsonaro teria elevado o tom contra o sistema eleitoral e ameaçado não cumprir decisões judiciais.
Entre os elementos que sustentam a acusação está um discurso que teria sido escrito para ser lido por Bolsonaro durante a execução do golpe. A cópia foi encontrada em sua sala na sede do Partido Liberal (PL) e também no celular de Mauro Cid. Segundo o depoimento de Cid à Polícia Federal (PF), Bolsonaro e aliados discutiram um decreto golpista para intervir no Judiciário e convocar novas eleições.
A PGR destaca que Bolsonaro, em diversas ocasiões, utilizou discursos inflamados para incitar seus apoiadores. Um exemplo foi a transmissão ao vivo realizada em 29 de julho de 2021, onde ele levantou dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas e convocou as Forças Armadas a agirem. Outro momento relevante ocorreu em 7 de setembro de 2021, quando, em um ato público, ele atacou diretamente o ministro Alexandre de Moraes e ameaçou desobedecer suas decisões.
A defesa de Bolsonaro afirmou estar “estarrecida e indignada” com a denúncia e negou qualquer envolvimento em atos contra o Estado Democrático de Direito.
Por: Lucas Reis
Foto: Reprodução/Tânia Rêgo/Agência Brasil