Clima favorável e produção em alta podem reduzir custo de itens básicos, enquanto medidas protecionistas dos EUA podem aumentar a oferta no mercado interno
O preço dos alimentos deve trazer um certo alívio ao bolso das famílias em 2025, com expectativa de desaceleração na inflação do setor. Segundo projeções do Ministério da Fazenda, a inflação alimentar deve ficar em torno de 6% neste ano, ainda acima da meta de 3%, mas com tendência de queda.
As estimativas da Secretaria de Política Econômica (SPE) apontam para um arrefecimento nos preços de carnes, alimentos in natura e derivados de soja e leite. Fatores climáticos, que impactaram severamente a produção em 2024, devem ser mais favoráveis no próximo ano, contribuindo para a estabilidade ou redução de preços.
Produção recorde impulsiona otimismo
A safra brasileira deve atingir 325,3 milhões de toneladas em 2025, um recorde histórico e 11,1% superior à de 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A maior oferta pode conter novas altas nos preços de grãos como soja, milho e algodão, dependendo da demanda externa e da taxa de câmbio. No entanto, a seca no Sul do país ainda preocupa e pode impactar a colheita de arroz e trigo, pressionando os preços desses produtos.
Otto Nogami, economista do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), destaca que a melhora nas condições climáticas pode favorecer a recuperação das safras. “Itens como óleo de soja e leite podem ter redução de preços devido ao aumento da produção, enquanto produtos como café e laranja devem seguir pressionados pelo mercado externo”, avalia.
Efeito Trump no mercado doméstico
As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros podem gerar impactos inesperados no mercado interno. Com taxas sobre aço e possíveis barreiras a produtos como soja, carne bovina e suco de laranja, parte da produção pode ser redirecionada para o consumo interno, ampliando a oferta e reduzindo os preços.
“Se os EUA elevarem tarifas sobre a soja brasileira, por exemplo, os produtores podem vender mais internamente, barateando o custo da ração animal e impactando os preços de carne suína e de frango”, explica Nogami.
As tarifas recíprocas aplicadas por Trump podem afetar setores estratégicos do Brasil, como siderurgia, agronegócio e manufatura, tornando o cenário incerto. No entanto, a expectativa é de que a combinação de safra recorde e políticas comerciais internacionais resulte em um leve alívio para o consumidor brasileiro em 2025.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Getty Images