Denúncia aponta que grupo ligado ao ex-presidente já tinha conhecimento sobre a escalada dos atos golpistas antes da invasão aos Três Poderes
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta terça-feira, 18 de fevereiro, uma denúncia criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontando-o como líder de uma organização criminosa que prestou “auxílio moral e material” aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Em nota, a defesa de Bolsonaro alegou que o ex-presidente “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam” e afirmou ter recebido a denúncia com “estarrecimento e indignação”.
Denúncia detalha envolvimento do grupo
De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a organização criminosa denunciada teve participação direta na destruição e depredação do patrimônio público durante os ataques de 8 de janeiro. Segundo a PGR, o grupo visava justificar um Estado de Exceção e estimular a intervenção das Forças Armadas para reverter o resultado das eleições de 2022.
A denúncia também destaca mensagens trocadas por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que indicam que o núcleo central do grupo tinha pleno conhecimento da escalada antidemocrática. “O controle exercido pela organização criminosa sobre as manifestações populares era tão evidente que, em 4 de janeiro de 2023, Mauro Cid já manifestava ciência sobre o ato de violência que ocorreria poucos dias depois”, aponta a peça da PGR. Em uma das mensagens, Cid disse à esposa: “Se o Exército sair dos quartéis… é para aderir”.
Outros denunciados
A PGR denunciou 34 pessoas em cinco diferentes frentes. Além de Bolsonaro, estão na lista:
Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil)
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin)
Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
A Procuradoria sustenta que os denunciados “articularam ações progressivas e coordenadas” que culminaram nos atos golpistas e que essas medidas tinham o objetivo de “forçar a intervenção das Forças Armadas e instaurar um regime autoritário”. O documento ainda reforça que o grupo “se beneficiou de um discurso antidemocrático para mobilizar apoiadores e tentar reverter o resultado eleitoral pela violência”.
A denúncia agora será analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá sobre a abertura de uma ação penal contra Bolsonaro e os demais envolvidos.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Reuters