Jonathan Messias foi sentenciado por homicídio doloso após atirar garrafa que matou Gabriela Anelli em 2023; decisão da Justiça de SP ainda cabe recurso
A Justiça de São Paulo condenou nesta terça-feira (20) Jonathan Messias Santos da Silva, de 35 anos, a 14 anos de prisão em regime fechado pela morte da torcedora palmeirense Gabriela Anelli. O crime ocorreu em julho de 2023 durante uma confusão entre torcidas do Palmeiras e Flamengo nas imediações do Allianz Parque, zona oeste da capital. A sentença foi decidida por maioria de votos em julgamento realizado pelo Tribunal do Júri.
Segundo o laudo da perícia e as investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Gabriela foi atingida no pescoço por estilhaços de uma garrafa de vidro lançada por Jonathan. A jovem chegou a ser socorrida e levada à Santa Casa, no centro da cidade, mas não resistiu após sofrer duas paradas cardíacas. A morte foi confirmada dois dias depois, em 10 de julho.
O crime foi classificado como homicídio doloso, na modalidade de dolo eventual, quando o autor assume o risco de matar. A promotoria apresentou diversas provas, incluindo imagens de drone, scanner 3D e reconstituições feitas com a mesma estrutura metálica usada para separar as torcidas naquele dia. Para o Ministério Público, não há dúvidas sobre a autoria.
A pena poderia chegar a 30 anos, mas a juíza Isadora Botti Beraldo Moro considerou atenuantes, como o fato de Jonathan ser réu primário, ter bons antecedentes e ter reconhecido o ato. A decisão ainda cabe recurso.
Durante o julgamento, o réu chorou e disse não ter intenção de matar. Relatou que atuava como diretor-adjunto de escola e tentou apaziguar uma briga entre torcedores antes de perder a razão ao ser atingido por outra garrafa. “Não saí de casa para matar ninguém”, declarou.
A família de Gabriela esteve presente no julgamento. A mãe, Dilcilene Anelli, e a avó, Joana dos Santos, lembraram com emoção da jovem de 23 anos. “Ela era cheia de vida, apaixonada pelo Palmeiras, tinha acabado de se matricular para voltar a estudar”, disse Joana, com lágrimas nos olhos. “A saudade é imensa, e nós viemos aqui porque queremos justiça.”
Gabriela Anelli foi ao estádio acompanhada do irmão, da cunhada e dos pais. Era a primeira vez que todos assistiriam juntos a uma partida. A jovem não pertencia a nenhuma torcida organizada, mas era conhecida por muitos integrantes da TUP (Torcida Uniformizada do Palmeiras), grupo do qual seu namorado fazia parte.
Por: Bruno José
Foto: Reprodução /Redes Sociais