Com depoimentos presenciais na Primeira Turma, processo contra ex-presidente e aliados avança para julgamento após escândalo golpista de 2022
Nesta segunda-feira (9), o Supremo Tribunal Federal inicia a oitiva dos réus envolvidos na investigação que apura um suposto plano para interromper a ordem democrática após as eleições de 2022. Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados do chamado “núcleo 1” responderão às perguntas do ministro Alexandre de Moraes, com sessões previstas ao longo de cinco dias.
Mauro Cid, considerado peça-chave por ser delator, será o primeiro a ser ouvido. Em seguida, os demais acusados — incluindo Ramagem, Torres, Heleno, Nogueira e Garnier — passarão por interrogatório, em ordem alfabética.
Durante os depoimentos, serão abordadas questões como a suposta participação em encontros que discutiram medidas autoritárias, a redação de um decreto inconstitucional e as estratégias para descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro.
Os acusados poderão rebater as acusações com suas versões e provas ou simplesmente optar pelo silêncio — direito previsto na Constituição quando há risco de autoincriminação.
Nas últimas semanas, mais de 50 testemunhas prestaram esclarecimentos. Parte delas, como o governador Tarcísio de Freitas e os senadores Mourão e Ciro Nogueira, afirmaram que Bolsonaro estava “resignado” com o resultado das urnas.
Outras declarações, entretanto, indicam que o ex-presidente cogitou “medidas de exceção”. Segundo os ex-comandantes das Forças Armadas, houve inclusive discussão sobre o uso da GLO e a possibilidade de prender o ministro Moraes.
Após os interrogatórios, defesa e acusação poderão solicitar novas apurações. Na sequência, apresentarão suas alegações finais em até 15 dias. Com isso, o relator Cristiano Zanin poderá preparar seu voto, levando o caso a julgamento.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil