Ex-ajudante de ordens relatou que verba foi intermediada pelo ex-ministro após recusa do PL e teria origem no agronegócio
O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (9), que o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto conseguiu recursos para financiar os acampamentos montados por manifestantes em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Segundo Cid, o Major Rafael de Oliveira, conhecido como “kid preto”, havia pedido R$ 100 mil para manter a estrutura dos acampamentos. Cid disse ter recorrido ao próprio Braga Netto, que inicialmente orientou a solicitação de verba ao Partido Liberal (PL). Com a recusa do partido, Braga Netto teria viabilizado o dinheiro e entregado o montante ao tenente-coronel dentro de uma sacola de vinho.
Ainda conforme o depoimento, Cid disse não saber o valor exato que recebeu, mas afirmou que, pelo volume, parecia ser inferior aos R$ 100 mil solicitados. Ele também declarou que Braga Netto mencionou que os recursos teriam vindo de empresários ligados ao agronegócio.
O depoimento desta segunda-feira marca o início da fase de interrogatórios dos réus apontados como integrantes do “núcleo crucial” da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado no período pós-eleitoral.
Durante a oitiva, Mauro Cid voltou a fazer acenos a aliados do ex-presidente. Antes de prestar seu depoimento, cumprimentou Jair Bolsonaro e bateu continência para generais presentes no Supremo.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Reprodução/TV Justiça