Gravação revelada pelo STF mostra desabafo de ex-ajudante de ordens sobre impactos pessoais após investigação do plano de golpe; defesa contesta veracidade do material
Um áudio atribuído ao tenente-coronel Mauro Cid, tornado público nesta segunda-feira (16) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mostra o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro desabafando sobre os prejuízos que sofreu durante as investigações da Polícia Federal (PF).
Segundo a transcrição, Cid afirma: “O Braga Netto, quatro estrelas, chegou ao topo… reserva. General Heleno, chegou ao topo… reserva. Presidente, ganhou milhões aí em Pix, chegou ao topo. Tudo bem, todo mundo no mesmo barco. E quem que se f? Quem perdeu tudo? Fui eu”**.
De acordo com a revista Veja, os áudios seriam provenientes de conversas no Instagram pelo perfil @gabrielar702 com o advogado Eduardo Kuntz — defensor de outro investigado, o coronel Marcelo Câmara.
As mensagens foram supostamente trocadas entre janeiro e março de 2024, período em que Mauro Cid estava proibido judicialmente de acessar redes sociais ou manter contato com investigados.
No áudio, Cid afirma que o desabafo vem de um sentimento de injustiça pessoal: “Pega a vida de todo mundo, todo mundo tá enrolado, vê quem se f, vê quem se ferrou, quem perdeu a carreira, quem teve o pai, a esposa, a família toda investigada. Até a sogra falecida há 10/15 anos foi investigada.”**
A defesa de Mauro Cid nega a autenticidade do conteúdo e afirma que ele “não usou redes sociais enquanto estava com medidas cautelares”. Em depoimento recente ao STF, ao ser confrontado com o nome do perfil citado, ele respondeu: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa.”
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Ton Molina/STF