Série inédita no Globoplay e novo álbum com artistas da nova geração destacam a genialidade e o impacto de Raul na música e na cultura nacional
Raul Seixas completaria 80 anos neste mês de junho. Ícone do rock brasileiro e um dos artistas mais autênticos da nossa música, Raul é lembrado por sua irreverência, crítica social, espiritualidade e humor. Para celebrar a data, o Globoplay estreia a série documental “Raul Seixas: Eu Sou”, que mergulha na trajetória e nos bastidores da vida do artista.
Com oito episódios, a série apresenta desde momentos íntimos até o auge da carreira. No Fantástico, a repórter Renata Capucci exibiu trechos inéditos da produção e conversou com pessoas próximas ao cantor. O ator Ravel Andrade, que interpreta Raul na ficção, falou sobre a experiência de viver um personagem tão singular:
> “Foi muito legal poder entrar nesse processo. A série recria histórias que nem sempre sabemos se são reais, mas o Raul tinha isso: tudo nele parecia verdade, mesmo quando não era.”
Fora dos palcos, o roqueiro de voz potente e postura provocadora era, segundo relatos, um homem afetuoso, reservado e muito ligado à família. Kika Seixas, ex-companheira de Raul, lembra com carinho:
> “Era tímido, falava baixinho, super educado e muito amoroso. Um homem de família.”
A filha, Vivian Seixas, também guarda lembranças doces. Ela conta sobre o “Capitão Garfo”, personagem criado pelo pai que roubava suas bonecas e escondia no congelador:
> “Ele brincava comigo com esse personagem. São lembranças muito especiais da minha infância.”
Desde criança, Raul tinha o hábito de guardar tudo em um baú – de chicletes mascados a rascunhos e objetos pessoais. O próprio cantor explicou essa mania em entrevista antiga a Pedro Bial:
> “Talvez eu quisesse me perpetuar. Guardava tudo sem saber por quê.”
A parceria com Paulo Coelho resultou em sucessos como “Gita” e “Sociedade Alternativa”. Em entrevista ao Fantástico, o escritor relembrou a relação intensa com Raul:
> “Era meu melhor inimigo. Competíamos o tempo todo, mas nos impulsionávamos. Nunca era tranquilo, mas sempre brilhante.”
A música Gita, baseada no texto sagrado hindu Bhagavad Gita, nasceu de uma conversa entre os dois e foi escrita em apenas cinco minutos, segundo Paulo. Em 1974, foi o primeiro clipe de Raul exibido no Fantástico — ao todo, foram 13 clipes no programa.
Raul Seixas morreu em 1989, aos 44 anos, vítima de uma pancreatite fulminante agravada pelo alcoolismo. Kika recorda com emoção os últimos anos:
> “É um drama que não envolve só a pessoa, mas toda a família. Eu vi aquele Raul maravilhoso se deteriorando.”
Mesmo após sua morte, a obra de Raul segue viva. Um novo álbum com seis artistas da nova geração homenageia seus 80 anos. Para o produtor Rodrigo Suricato, “Raul é um pensador popular”. O cantor Baia reforça: “É um tesouro atemporal da música brasileira”.
Vivian Seixas encerra com uma frase marcante do pai:
> “Ele dizia que não tinha medo de morrer, mas de ser esquecido.”
Hoje, entre homenagens, discos e novas gerações redescobrindo sua obra, fica claro que Raul Seixas jamais será esquecido.
Por: Redação/Via Agência O Globo
Foto: Globoplay – Montagem/NaTelinha