Internamente, parlamentares acreditam que deputado do PT será cassado

Por: Sidney Araujo
Foto Destaque: Reprodução/redes sociais

Atual deputado federal pelo Rio de Janeiro, Washington Quaquá (PT) pode estar com os dias contados na Câmara. Após agredir o seu companheiro de bancada Messias Donato (Republicanos-ES) durante uma sessão na tarde da última quarta-feira (20), o caso vem sendo discutido internamente entre alguns deputados que já consideram a hipótese de uma cassação de mandato.

Quaquá, que também é o vice-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, ainda teve uma discussão acalorada com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Na ocasião, o representante do PT chamou Nikolas de “viadinho” e ainda disse depois: “comigo, a “porrada canta”, em direção a Donato. Entre alguns parlamentares, a opinião é de que o deputado petista perdeu a linha e agora deve fazer um acordo com a oposição para que o seu mandato não seja cassado e, ainda, evitar que outro deputado sofra da mesma punição.

Para alguns membros da bancada de esquerda, o fato de Quaquá ter votado para arquivar os processos contra Nikolas e Zambelli no conselho de ética podem pesar a favor. Contudo, em uma postagem nas redes sociais na última sexta-feira (22), Washington Quaquá disse que não irá fazer acordo para evitar uma possível cassação e que “não tem problema” em perder ou não o cargo, pois estava defendendo o presidente Lula.

Oficialmente, o PT, por meio de sua presidente Nacional Gleisi Hoffmann, acredita que a ação do petista foi apenas uma “reação” dentro de um contexto. Porém, o que circula nos corredores do Câmara dos Deputados é que a cassação ganhou força.

Entre representantes dos partidos de centro, inclusive, a permissão desse ato pode abrir um precedente gravíssimo dentro do Congresso Nacional. Em relação à direita, tanto Nikolas Ferreira quanto Messias Donato, envolvidos diretamente no caso, são favoráveis à cassação de Quaquá e prometeram, por meio das suas redes sociais, que irão “partir para cima”. Por outro lado, o PT também disse que irá buscar a cassação de Messias Donato por ter ofendido Lula e seus ministros, como Simone Tebet.

Em entrevista ao canal GloboNews, o presidente da Câmera Arthur Lira (PP-AL) cobrou rigor no caso.

“Infelizmente aconteceu e eu espero sinceramente que os membros do Conselho de Ética e os representantes dos partidos ajam com o rigor necessário”, comentou Lira.

Contexto da confusão:

Enquanto acontecia a promulgação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma tributária, a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levantou manifestações e discussões entre membros da oposição e da base governista. Em um momento acalorado, Washington Quaquá deu um tapa no rosto de Messias Donato e os ânimos ficaram mais exaltados a partir daí.

Até o momento, os casos estão sob responsabilidade do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e uma notícia-crime foi levada à Procuradoria-Geral da República (PGR)


Veja o momento da confusão:


(Reprodução/TV UOL)


Quaquá e suas polêmicas

Atualmente, Quaquá enfrenta uma ação penal na Justiça Federal do Rio de Janeiro. Em primeira instância, ele foi condenado a três anos, dois meses e 15 dias de reclusão por “expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea”. Segundo a acusação, Quaquá foi um dos responsáveis por fechar a pista de pouso do aeroporto da cidade em outubro de 2013, o que teria influenciado a queda de um avião na Lagoa de Maricá, matando duas pessoas. O caso ainda tramita na segunda instância, mas o parlamentar nega que impediu pousos.

Em outro caso, o político foi condenado a pagar uma indenização por danos morais à jornalista Berenice Seara, que é uma colunista política do Jornal Extra do Rio de Janeiro. Em 2021, ele teria soltado ofensas misóginas pelo fato de Berenice ter publicado duas notas no jornal que diziam que Quaquá estava pedindo apoio da esquerda ao governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro. Na sentença, o juiz determinou a exclusão das postagens, sob pena diária de R$ 5 mil.

Eleito por duas vezes prefeito da cidade Maricá, localizado na região metropolitana do Rio, Washington Quaquá é um nome muito forte e influente na política do estado do Rio de Janeiro, mas considerado uma figura “difícil” e cheia de controvérsias por apoiadores e opositores.

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