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Por: Alex Alves
Foto: Divulgação/Agência Brasil
A implementação do novo limite de juros para o crédito rotativo do cartão de crédito, iniciada nesta quarta-feira (3), é reconhecida como um passo crucial para mitigar o endividamento no país, de acordo com especialistas. Apesar da redução, alerta-se que essa medida se aplica apenas a novos financiamentos, e os consumidores devem continuar atentos para evitar aumentar suas dívidas.
Quando um consumidor não quita o valor total da fatura do cartão de crédito até o vencimento, automaticamente entra no crédito rotativo, contraindo um empréstimo e começando a pagar juros sobre o valor não liquidado. O desafio reside na alta taxa de juros do rotativo, que, conforme dados recentes do Banco Central (BC), alcançava uma média de 431,6% ao ano em outubro. Isso significa que alguém que ingressa no rotativo com R$ 100 e não quita a dívida pode dever o equivalente a R$ 531,60 após 12 meses.
Após 30 dias no crédito rotativo, os consumidores devem quitar a dívida ou migrar para o crédito parcelado, negociando com as instituições financeiras. Agora, a taxa de juros no rotativo possui um teto de 100%. Por exemplo, quem deixa de pagar uma fatura de R$ 100 pode ter que pagar no máximo o equivalente a R$ 200 após 12 meses.
O diretor Executivo do Procon-SP, Luiz Orsatti Filho, considera a medida um avanço importante, embora acredite que a taxa ideal deveria ser ainda menor. Ele destaca que a redução beneficiará não apenas os superendividados, mas também o público em geral que eventualmente precisa de financiamentos. Apesar disso, ressalta que, para o Brasil, o índice ainda é elevado, indicando que há um longo caminho a percorrer, mas reconhecendo a relevância do passo dado.
Em relação às estatísticas, três em cada quatro famílias no Brasil enfrentam endividamento, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O cartão de crédito é a modalidade mais utilizada pelos endividados, atingindo 87,7% do total de devedores. A pesquisa revela que 76,6% das famílias brasileiras têm dívidas, sendo 36,6% dos consumidores de baixa renda, de até três salários-mínimos, com dívidas em atraso.
A redução da taxa de juros pode influenciar os bancos a ajustarem os limites dos cartões de crédito, evitando que os consumidores ultrapassem suas capacidades de pagamento. A professora de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), Myrian Lund, destaca a necessidade de educação financeira, sugerindo ter apenas um cartão ativo, reduzir o limite para evitar gastos excessivos e evitar o parcelamento sem juros, exceto para bens de maior valor.