Aos 16, prodígio do rock ganha o mundo em turnê para combater a fome de crianças carentes

Ciça volta ao Brasil nesta quinta-feira (13), Dia Mundial do Rock. Do aeroporto, antes de embarcar, ela conversou com o g1. “A data é muito importante para a nação roqueira. É um dia em que nós podemos nos sentirmos representados!”, celebra.

Com gravações de músicas autorais e participações em shows com artistas nacionais, a jovem trilha os caminhos em busca de seu sonho, viver de música. E já colhe frutos de seu trabalho.

Como Ciça mesmo diz, foi o Projeto Kids Rock for Kids que a encontrou em 2020 pelas redes sociais – a jovem roqueira soma mais de 34 mil seguidores no Instagram e cerca de 17 mil ouvintes em plataforma de streaming de áudio. O convite para ser vocalista da uma banda com integrantes de seis continentes surgiu no momento em que o mundo viva a pandemia da Covid-19.

“A principio, gravávamos as músicas e vídeos online para transmissão de lives que tinham como objetivo arrecadar fundos para ajudar crianças carentes”, lembrou. “Com o fim da pandemia, em 2022, fomos chamados para turnê em Nova York, local sede do projeto com o objetivo de também arrendar fundos”, relata.

O projeto sem fins lucrativos Kids Rock for Kids começou a se expandir e uma nova apresentação ocorreu em março deste ano em Nova York.

Sobre tocar em Londres, Ciça não esconde a animação. “Foi sensacional, muito legal mesmo, uma experiência inesquecível”, comemora.

“É difícil descrever como eu me sinto! Mas sei que sou extremamente grata por ter a oportunidade de ser parte desse projeto tão incrível, é muito bom fazer música principalmente por uma boa causa. Fiz muito amigos […] Aprendi e aprendo muito, todos são músicos sensacionais e compartilham do mesmo objetivo”, afirma.

A trajetória de Ana Cecília Lacerda Moreira, a Ciça, no rock começou cedo e com incentivo da família. “Escuto rock desde muito pequena por influencia dos meus pais. E me apaixonei desde o início. O Rock e sua atitude me representam, sempre me fez sentir bem”, declara.

Mesmo não sendo músicos, os pais de Ciça a matricularam em uma escola de música quando ela tinha seis anos por acreditarem na importância da música no desenvolvimento da criança.

“Eu me lembro de que fui fazer uma aula experimental de bateria e, na hora, troquei pelo violão. Alguns anos depois, comecei as aulas de canto, pois sempre gostei muito de cantar quando eu tocava. Atualmente, toco guitarra também, me arrisco na bateria e no piano. Esses instrumentos me auxiliam muito nas composições”, conta.

Ciça tem músicas próprias e singles lançados nas plataformas digitais. Sobre as influências de outros nomes do rock, a jovem cita bandas, artistas brasileiros e estrangeiros.

“São bandas de rock e metal desde sempre! Principalmente artistas como Evanescence, Pitty, CPM22 e Bruno Sutter que me fizeram querer começar na música. Eu estou a todo tempo conhecendo bandas novas e isso me influencia a todo tempo”, menciona.

Determinada, Ciça sabe o que fazer e por onde quer caminhar. O sonho de viver, profissionalmente, de música e pela música mantém a roqueira firme em seus propósitos.

“Sobre meus próximos passos, quero continuar compondo e lançando meus singles e álbuns. E, se tudo der certo, fazer shows e participar de grandes festivais pelo Brasil inteiro! Sou muito feliz fazendo o que gosto e tenho o apoio de minha família, então não pretendo sair do mundo da música. Quero sempre estudar e viver pela música”, almeja.

A dedicação e responsabilidade de Ciça com a carreira musical desde criança são motivos de orgulho para os pais do jovem.

“Apesar de ter apenas 16 anos, ela consegue com muita facilidade enfrentar várias barreiras do preconceito por gostar de rock, por ser garota-mulher no rock e artista. Isso nos deixa muito orgulhosos. E nós como pais, temos que no mínimo apoiar as escolhas de nossos filhos, porque se eles estão felizes, nós automaticamente estaremos também”, afirmou a pedagoga Amélia Martins Lacerda, mãe da roqueira.

Ciça Moreira cursa o segundo ano do ensino médio e sabe a importância dos estudos para seu futuro. Aos jovens, meninos e meninas que sonham em começar e seguir na carreira artística, a roqueira dá um conselho.

“Nunca desista. É muito difícil, muito difícil mesmo viver de música e vocês vão encontrar muitos desafios e dias difíceis. Mas, o importante é a gente seguir e nunca parar! Lembre-se que sucesso é a gente estar feliz com o que faz, independente da escolha. Também estudem bastante, ter um conhecimento musical ajuda muito. E, se determinem, que tudo é possível!”, conclui.

Sobre resistência do rock em meio a efervescência de outros gêneros musicais, talvez, mais populares entre as novas gerações, Ciça, que é um exemplo dessa força, não hesita em dizer:

“O rock vive e sempre vai viver!! Enquanto existirem roqueiros o rock nunca morrerá. Eu nunca vou deixar isso acontecer, esse é um dos meus objetivos com as minhas músicas. O rock representa atitude e emoção”, finaliza.

FONTE: G1