Ex-alto comando da Marinha é o primeiro a prestar depoimento nesta terça-feira (10)
Nesta terça-feira (10), o Supremo Tribunal Federal dá continuidade aos interrogatórios dos envolvidos no chamado “núcleo central” da tentativa de golpe articulada durante o governo Jair Bolsonaro. A oitiva teve início às 9h, com o depoimento do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier.
Segundo apuração da Polícia Federal, Garnier teria oferecido efetivos da Marinha em apoio a medidas antidemocráticas idealizadas por Bolsonaro. Essa disposição teria sido manifestada durante uma reunião entre os chefes das Forças Armadas em 2022.
Na ocasião, o então presidente teria apresentado “estudos jurídicos” com propostas para decretar estado de sítio e acionar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), com o intuito de barrar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Após Garnier, a agenda segue com os interrogatórios de outros nomes ligados à cúpula do governo anterior, conforme ordem alfabética, sob condução do ministro Alexandre de Moraes. A previsão é que os trabalhos se estendam até as 20h.
Ordem dos depoimentos de hoje:
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Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
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Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
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Augusto Heleno (ex-chefe do GSI)
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Jair Bolsonaro (ex-presidente)
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Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
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Walter Braga Netto (ex-ministro e general da reserva)
Audiência anterior
Na segunda-feira (9), o STF ouviu Mauro Cid e Alexandre Ramagem. Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, confirmou ter presenciado a apresentação de um documento golpista ao ex-presidente, com propostas para prender ministros do Supremo e instaurar estado de sítio.
O militar também relatou que “recebeu valores” do general Braga Netto para repassar ao major Rafael de Oliveira, membro do grupo conhecido como “kids-pretos”.
Já Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, negou qualquer tipo de monitoramento ilegal contra integrantes do STF ou TSE durante sua gestão.
Últimos depoimentos
Até sexta-feira (13), o ministro Moraes ouvirá pessoalmente os principais nomes acusados de integrar o grupo que arquitetou manobras ilegais para impedir a posse de Lula em 2023. Essa etapa é uma das últimas antes do julgamento, que pode ocorrer ainda neste segundo semestre.
A depender da decisão final, os envolvidos podem pegar mais de 30 anos de prisão.
Por: Genivaldo Coimbra
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil