Bolsonaristas usam anistia a golpistas como barganha política

Aliados de Bolsonaro condicionam apoio ao candidato de Lira na sucessão da Câmara à aprovação de projeto que absolve responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro de 2023

Por: Redação

Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Deputados bolsonaristas estão atrelando seu apoio ao candidato de Arthur Lira (PP-AL) para a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados à aprovação de um polêmico projeto de lei (PL) que visa anistiar os responsáveis pelos atos de vandalismo cometidos contra as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. A proposta ganhou força entre parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e se tornou uma moeda de troca no Congresso.

O projeto será discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, presidida pela deputada Caroline de Toni (PL-SC), também da base bolsonarista. O relator do PL, deputado Rodrigo Valadares (União-SE), já demonstrou apoio ao conteúdo do projeto, reforçando a pressão para que a proposta avance.

Essa é uma das principais pautas defendidas pelos bolsonaristas no Congresso. Durante uma manifestação realizada em São Paulo, no último sábado, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a extrema direita só apoiará o candidato indicado por Lira para sucedê-lo na presidência da Câmara se o projeto de anistia for aprovado.

No entanto, o caminho para a aprovação enfrenta resistência. O Centrão, bloco de apoio importante no Congresso, mostra-se reticente em apoiar a proposta, temendo o impacto negativo junto ao eleitorado. Além disso, caso o projeto passe na Câmara, é praticamente certo que o Supremo Tribunal Federal (STF) será acionado para declarar a inconstitucionalidade da lei.

Além do PL de anistia, os bolsonaristas têm intensificado sua campanha para o impeachment de ministros do STF, com foco especial em Alexandre de Moraes, que tem sido um dos principais alvos do grupo desde os eventos de 8 de janeiro. Durante um pronunciamento no plenário da Câmara, o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) criticou o poder conferido aos ministros do Supremo e cobrou uma postura mais firme do Congresso.

A pressão pelo impeachment também foi reforçada pelo deputado Coronel Ulysses (União-AC), que acusou Moraes de cometer crimes ao atuar em casos nos quais estaria, segundo ele, legalmente impedido.

Enquanto isso, Arthur Lira mantém silêncio sobre qual candidato apoiará na disputa pela sua sucessão. Inicialmente, havia a expectativa de que Lira endossasse o nome de Elmar Nascimento (União-BA), mas a entrada de Hugo Motta (Republicanos-PB) na corrida mudou o cenário, deixando as negociações em aberto. Outro nome que também pleiteia o cargo é o deputado Antonio Brito (PSD-BA).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *