Paciente que usava cadeira de rodas e está afastada do trabalho desde 2021 teve benefício cortado pelo INSS
Uma mulher de 39 anos, portadora de uma doença nas articulações, denuncia ter perdido seu benefício de auxílio-doença do INSS após um perito justificar que, se ela conseguiu engravidar, poderia também trabalhar. A mulher, que trabalhava como balconista de farmácia, está afastada desde 2021 devido a fortes dores no quadril e é orientada por médicos a usar cadeira de rodas para facilitar a locomoção.
Em sua denúncia, a mulher relatou que o perito fez um comentário ofensivo durante a última perícia: “Para trabalhar você não presta, mas para fazer filho sim”. A paciente, que prefere não revelar sua identidade, descreveu o episódio como humilhante e desrespeitoso.
Desde 2021, a mulher recebia um salário mínimo como auxílio-doença, devido a um quadro de coxoartrose, uma condição que provoca dores crônicas intensas no quadril. Relatórios médicos apresentados pelo g1 Goiás e TV Anhanguera, mostram que a recomendação de uso da cadeira de rodas foi feita para evitar esforços físicos que poderiam agravar as dores. Contudo, durante a perícia realizada na última terça-feira (22), o perito do INSS alegou que não havia evidências suficientes para comprovar a incapacidade da paciente.
O laudo pericial ainda apontou que a mulher estaria usando a cadeira de rodas de forma simulada, sugerindo que uma bengala seria o suficiente para auxiliá-la na locomoção. O perito escreveu: “A coxoartrose supostamente a impede de andar desde 2021, mas não a impediu de engravidar, atividade que força muito mais a articulação coxofemoral do que andar”.
A advogada da paciente, Poliana Venâncio, explicou que sua cliente está grávida de três meses e, devido à condição, foi orientada a evitar qualquer esforço que possa agravar o problema no quadril. “Ela mora em Goianira e precisa se deslocar até Goiânia para passar por perícia, o que faz utilizando a cadeira de rodas para não piorar o quadro durante o trajeto”, comentou a advogada.
Em nota oficial, o Ministério da Previdência Social afirmou que pessoas que discordem do resultado de perícias podem solicitar nova avaliação e que casos de denúncias de conduta inadequada por parte dos peritos devem ser reportados por meio de canais oficiais. A pasta reforçou seu compromisso em proporcionar um atendimento digno e qualificado aos segurados.
A Secretaria de Estado de Goiás informou que a paciente tem uma cirurgia ortopédica autorizada para ser realizada no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), estando atualmente na 42ª posição na fila de espera. A advogada também ressaltou que a gravidez aumentou a sobrecarga sobre o quadril, intensificando as dores e limitando ainda mais a mobilidade da paciente.
Gestante com doença nas articulações tem benefício do INSS negado em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A situação levanta questões sobre o atendimento e o processo de avaliação pericial do INSS, além de destacar a necessidade de respeito e sensibilidade no tratamento dos segurados.
Por: Redação
Foto: Reprodução/TV Anhanguera